Claudio Ponei diz que Rivaldo jamais reconheceu o que ele fez para ajudar sua carreira e que deveria trabalhar para ajudar as outras crianças em Paulista
laudio Ponei foi um modesto lateral direito que rodou por vários times do Nordeste: Íbis, Porto, ASA de Arapiraca, CSA, Botafogo (PA) e Juazeiro. No entanto, aos 60 anos, ele pode encher o peito e dizer: foi o técnico responsável pelo empurrão que fez a carreira de Rivaldo decolar no futebol. Afinal, foi ele que, após o jogador ser dispensado do time juvenil do Santa Cruz, o acolheu na equipe do Paulistano, da cidade de Paulista. Lá, ele foi artilheiro do Campeonato Pernambucano juvenil, voltou para o clube da capital pernambucana e depois seguiu para o Mogi-Mirim, de onde trilhou a história de sucesso que todos conhecem.

Claudio Ponei mostra uma revista que tem de Rivaldo da época
em que o meia foi eleito o melhor jogador do mundo.
Ele, no entanto, não esconde a mágoa com o jogador
(Foto: Marcelo Prado / GLOBOESPORTE.COM)
Tão logo Rivaldo foi registrado na Federação Pernambucana de futebol, Claudio Ponei botou o moleque para jogar. Com uma diferença. Ao invés de ser na ponta esquerda, como normalmente atuava, o garoto virou centroavante, porque era muito mais alto que seus concorrentes.

Rivaldo em destaque na foto no time do Paulistano.
Claudio, o técnico está de boné vermelho, acima
(Foto: Divulgação)
O orgulho de ter sido muito importante na carreira de Rivaldo se transforma em mágoa quando Claudio fala que nunca foi reconhecido como deveria pelo seu pupilo.
- Quando ele começou a jogar comigo não tinha nada. Mal se alimentava. Eu lembro que arrumei uniforme, dei minha chuteira para ele jogar. E Rivaldo foi muito ingrato comigo, depois que ficou famoso, virou outra pessoa. E que fique bem claro que não quero dinheiro dele, quero uma oportunidade, um emprego. Ele poderia me levar para ser técnico do infantil do Mogi para continuar o trabalho que eu faço aqui em Paulista – disse o treinador, que às terças e quintas reúne crianças do bairro e de outras cidades próximas para dar aulas de futebol. No mesmo campo onde Rivaldo deu os seus primeiros toques.
Claudio disse que faz muito tempo que não fala com Rivaldo. E que também não pretende ir ao estádio do Arruda para acompanhar a partida entre Santa Cruz e São Paulo, pela Copa do Brasil. Ele até foi convidado por uma emissora de TV local, mas se recusou.

Claudio guarda até hoje o registro de Rivaldo no Paulistano
(Foto: Marcelo Prado / GLOBOESPORTE.COM)
- Vou lá fazer o que? O que eu tinha de falar sobre o Rivaldo ele já sabe. Se ele não quer me ajudar, tudo bem, que ajude a cidade dele. Que pegue o campo onde ele começou e faça algo, coloque uma grama, dê condições para esses moleques que jogam aqui. No ano passado, mandei oito moleques para o Mogi-Mirim. Agora tem mais quatro prontos para viajar. Se ele quiser ajudar, que ajude. Senão faço meu trabalho do mesmo jeito. Sou aposentado, ganho R$ 600 e trabalho aqui nesse campo de graça. E faço isso de coração porque sei que se essas crianças não jogarem bola, vão se drogar, vão começar a beber. E eu não posso deixar isso acontecer – ressaltou Ponei.

Claudio comanda a escolinha em Paulista para revelar talentos
(Foto: Marcelo Prado / GLOBOESPORTE.COM)
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